Na ausência sistemática de “governo” nosso município caminha em direção a insustentabilidade, por Madson Valente

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Considerando todos os impactos econômicos por qual vem passando o mundo, situação que perdura desde os anos 2007/2008 e que reflete no Brasil em 2009, sendo para alguns analistas mais impactantes que a grande crise de 1929, isso fez com que setores públicos e privados passassem se adequar a nova ordem econômica.

Estados Unidos e União europeia devido esta retração econômica tiveram que fazer um plano de recuperação, estimulando através das instituições financeiras mecanismos que pudessem contribuir na salvação de suas economias.

Esses governos precisaram tomar medidas de austeridade e altamente impopulares, da mesma forma e adotando medidas semelhantes a China com altivez se preveniu e conseguiu manter seu ritmo de crescimento, inserido neste contexto estava o Brasil e atualmente continuamos padecendo com os impactos desta recessão econômica, com consequências para o setor privado e automaticamente o setor público passou absorver perdas de receitas gradativamente.

Diante desta síntese da crise que assola o mundo e saindo desta visão global queremos estreitar para uma análise local, nosso município, que infelizmente passa pelo seu pior momento de sua história no campo administrativo, sendo a ausência de planejamento o fator preponderante, que mais contribui para tamanho desequilíbrio do bem-estar social de nossa população.

Nesta nova realidade não ocorreu por parte desta gestão municipal nenhuma preocupação para se adequar a crise, muito pelo contrário enquanto vereador testemunhei no início de 2017 projeto de lei enviado pelo executivo pedindo autorização para aumentar o número de cargos de confiança , onde apesar das nossas advertências e protestos para a dura realidade econômica e após intensos debates não conseguimos vencer a base de vereadores que dão sustentação a este governo,por isso embora não tenhamos conseguido  êxito na tentativa de não permitir tamanho absurdo, sigo tranquilo com minha consciência, pois em conjunto com outros colegas vereadores votei contra tão inoportuno projeto. Diante desta situação e atônito com a aprovação do mesmo comecei a partir dali dimensionar tão árduos dias que nossa sociedade começaria a ser submetida, sucessivos erros provocaram paulatinamente o comprometimento   da cidade, distritos e zona rural.

Procurando fazer uma retrospectiva para compreendermos nossa situação atual podemos citar o cancelamento de contratos dos serviços de tapa-buracos, que através deste perderam o controle e mesmo com ajuda de 5 milhões do governo do estado não conseguiram equacionar o problema e por isso não garantem nossa trafegabilidade com segurança, provocando uma situação de constrangimento para todos os munícipes.

Na saúde embora tenham assumido a referida pasta com estoques de medicamentos e com 14 milhões de saldo positivo em caixa, esta gestão não consegue garantir medicamentos básicos para curativos nos postos, desta forma podemos imaginar qual o grau de comprometimento em que se encontram as situações da média e alta complexidade da saúde pública de Dourados.

Na Educação embora o atual secretário tenha conseguido algumas evoluções o setor continua provocando situações negativas, relacionadas a não regularidade das entregas dos kits escolares e uniformes, nossas metas que são baseadas no Plano Nacional de Educação em tudo aquilo que é estabelecido estamos em declínio , acesso as creches para nossas crianças e merenda escolar são nossas maiores preocupações, visto que o Plano Nacional da Educação recomenda a descentralização da merenda escolar e mais uma vez Dourados de forma contraditória passa centralizar a compra da mesma , resultando para nossa perda significativa de qualidade, pois na gestão passada possuíamos o reconhecimento do Ministério da Educação como referência em merenda escolar, posição esta que precocemente nos foi subtraída.

Na Assistência Social a gestão passada elevou Dourados ao patamar de referência devido a sistemática de trabalho adotada em sequências   administrativas, com políticas norteadas naquilo que está protagonizado nas diretrizes da LOAS e no SUAS, entretanto a atual gestão vem desqualificando  totalmente a política pública de inclusão social, saindo da esfera da promoção do ser humano para ideia arcaica do assistencialismo, desta forma procurando fazer deste importante instrumento que deveria contribuir para garantir a dignidade humana por uma política que coloca em detrimento aqueles que dependem da política social na condição de pedintes, muito contraditório para aquilo que se entende por política social e por esta razão também já não somos referencia neste quesito, entre as inúmeras políticas de inclusão do governo passado podemos citar o QUALIFICA DOURADOS que capacitou mais de 6 mil pessoas e que infelizmente a gestão atual simplesmente abortou tal iniciativa.

Em tempo de conjuntura apertada, espaços para equívocos e ineficiências se tornaram menores, portanto considero que os sucessivos erros estão contribuindo para potencializar nosso município para uma situação de insustentabilidade social, pois estamos assistindo variadas manifestações que nos servem de indicativos, campo e cidade estão padecendo, até mesmo serviços financiados tal como a taxa de iluminação pública e que  estamos nos propondo desvendar  não são sinônimos de serviços efetivamente prestados.

Que este relato venha contribuir com seu propósito, que decisões compartilhadas e coletivas comecem a ser despertadas, que responsabilidades sejam assumidas, que cada cidadão seja protagonista de sua própria história e em conjunto com os detentores de mandatos que devem dar voz e vez as angustias que estão sendo vivenciadas possamos juntos virar estas páginas e com uma nova grafia devolver nosso município as cidadãs e cidadãos deste extraordinário município.

MADSON VALENTE, PROFESSOR, GEÓGRAFO E VEREADOR.

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