O Brasil e o mundo na expectativa das tarifas prometidas por Trump

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A partir desta quarta-feira, (2), entram em vigor as novas tarifas sobre produtos importados nos Estados Unidos, conforme anunciado nos primeiros meses de governo pelo presidente Donald Trump. As tarifas setoriais, que abrangem aço, alumínio e o setor automobilístico, fazem parte da estratégia de reciprocidade comercial adotada pelo governo americano e irão afetar, na avaliação de especialistas ouvidos pelo Terra, a economia global e parceiros como o Brasil.

A imposição de tarifas de importação é uma das principais promessas de campanha de Trump. Desde que assumiu o atual mandato, o republicano já decretou tarifas sobre grandes parceiros comerciais, como México e Canadá. O anúncio desta quarta-feira, (2) é cercado de expectativa do mundo econômico, pois trará uma clareza sobre as medidas e está sendo chamado pelo presidente de “Dia da Libertação da América”.

Trump revelará seu plano tarifário em uma entrevista coletiva no Rose Garden da Casa Branca, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos repórteres. A expectativa é que republicano finalmente anuncie como funcionarão as taxas que serão aplicadas sobre diferentes países que importam produtos para os EUA.

“Trump deve impor tarifas sobre produtos como aço, alumínio e minérios, forçando o Brasil a buscar outros mercados para esses itens. Ainda assim, o impacto sobre o Brasil tende a ser menor do que para a China e a União Europeia, que possuem relações comerciais mais amplas com os Estados Unidos”, prevê José Niemeyer, professor de relações internacionais do Ibmec-RJ.

Embora as medidas antecipadas pelo presidente americano sejam conflitantes e sofram constante mudança, há um entendimento entre os economistas e especialistas em relações internacionais que o tarifaço irá promover uma guerra comercial, com efeitos deletérios para os EUA. A visão comum é que a tentativa de produzir tudo internamente pode gerar inflação e aumento da dívida pública.

“A questão não é se o mercado norte-americano será afetado, mas sim quando e com qual intensidade. Economistas de Wall Street já reconhecem que os impactos imediatos serão sentidos no curto prazo, sobretudo pelo consumidor que vai ao supermercado diariamente ou que realiza compras por plataformas como Amazon ou eBay, em virtude da pressão sobre os preços – ou seja, da inflação”, explica Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM.

No mercado de capitais, o preço da incerteza é o juro, impulsionado especialmente pela desconfiança de investidores estrangeiros, que buscarão, segundo Uebel, ativos mais estáveis, seguros e previsíveis. “A incógnita que permanece é: até quando a economia norte-americana suportará os efeitos deste chamado “Liberation Day”?”, questiona Uebel.

Como em todo o mundo, a implementação de tarifas vai afetar países que exportam para os EUA, pois perderão acesso ao mercado americano. O Brasil, por exemplo, exporta uma quantidade significativa de produtos para os Estados Unidos, sendo este o segundo maior mercado para nossas exportações, atrás apenas da China.

“No Brasil, os setores mais afetados serão aqueles ligados à exportação de aço, alumínio e minérios, pois esses produtos serão tarifados pelos EUA. A indústria aeronáutica também pode sentir os efeitos, já que a Embraer exporta aviões para os Estados Unidos, e qualquer mudança nos custos pode impactar o preço das passagens aéreas”, diz Niemeyer.

Roberto Uebel acrescenta que algumas commodities agrícolas também serão afetadas, contudo o especialista acredita ser possível amortecer esses impactos com o Brasil investido em novos mercados. “Existe a possibilidade de prospectarmos novos mercados além dos EUA e da China –como outros países asiáticos, a exemplo do Vietnã e do Japão, recém-visitados pelo presidente Lula– ou até mesmo economias que se tornarão algumas das maiores do mundo até 2050, como Índia e Indonésia”. enumera.

Embora não seja tão significativo, há também uma possibilidade pequena com as tarifas de haver um aumento dos preços de alguns produtos no Brasil, especialmente se passarmos a importar produtos norte-americanos a custos mais altos, o que pode gerar inflação em certos setores. “Para contornar essa situação, o Brasil precisará buscar novos mercados”, indica Niemeyer.

Fonte: Terra

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