Luiz Guilherme*
O governo de Mato Grosso do Sul mandou o Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) para acabar com os bloqueios de estradas iniciadas na última segunda-feira (25/11), em Dourados. Moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru protestam contra a falta de água nas duas comunidades.
Vídeos gravados pelos moradores mostram os militares com escudos e enfileirados na entrada de acesso ao Hospital da Missão Evangélica Caiuá, também bloqueada há dois dias.
Houve resistência e alguns indígenas foram presos, e os moradores também denunciam que há feridos por tiros de bala de borracha.
Os policiais também estão concentrados na MS-156, entre Dourados e Itaporã, onde há três pontos de bloqueio.
“Essa estrada é dentro da nossa aldeia, vocês não podem estar aqui”, protestam os moradores nos vídeos. “Tem parente ferido com tiro de bala de borracha. Tem muita gente presa”, informou outro morador.
A ação do Batalhão de Choque ocorre menos de 20 horas após recusa da proposta de perfuração de poços de água dentro de 60 dias. Ontem à tarde, a Secretaria Estadual de Cidadania mandou documento oficial se comprometendo a perfurar dois poços na reserva com verba de R$ 250 mil, já garantida.
Lideranças das aldeias aceitaram a proposta, mas a comunidade decidiu manter os bloqueios alegando que o valor seria insuficiente. Eles também exigem início imediato da perfuração dos poços.
A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública informou que a ação do Batalhão de Choque é para desobstrução das vias, “para garantir o direito constitucional de ir e vir de todos”. Segundo a Sejusp, há preso por desacato, desobediência e agressão aos policiais e um trator apreendido.
Sesai
A Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) em Mato Grosso do Sul informaram que mantêm contrato para a distribuição de mais de 70 mil litros de água potável por semana via caminhões-pipa e articulam com a prefeitura de Itaporã o fornecimento de 100 mil litros de água por dia, sendo 50 mil destinados a Jaguapiru e 50 mil a Bororó.
“Além disso, estão em andamento a perfuração de dois novos poços, um em cada aldeia, em parceria com a Prefeitura de Dourados e a Secretaria Estadual de Cidadania, com previsão de conclusão em até 40 dias”, informam.
A Sesai informou que também negocia solução conjunta com a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, com o Governo de Mato Grosso do Sul e a Sanesul. A proposta inclui a extensão da rede de abastecimento que atende a região urbana de Dourados e a formalização de convênios para operação e manutenção do sistema, visando soluções estruturais e de longo prazo.
“Embora as comunidades já contem com 14 sistemas simplificados de abastecimento de água, esses não atendem plenamente à demanda local devido a altos índices de desperdício e uso inadequado da água tratada. As ações emergenciais realizadas têm o objetivo de minimizar os impactos imediatos enquanto soluções definitivas estão sendo implementadas”, afirma o Ministério da Saúde.